Instante Perecivel
Seja bem-vindx
A princípio, este vai ser um espaço de compartilhar meus escritos (alguns que vão estar no bog e outros não), minhas leituras, e a minha curadoria de afetos. Além de mais um meio de troca e comunicação com pessoas amadas.
Eu ainda não sei como vai ser o andamento da news, mas te garanto que eu vou andando. Te convido para andar comigo nessa travessia, que, com sorte, vai nos transformar.
Vem comigo, no caminho eu te explico!
Nessa sessão com título Clariceano eu vou compartilhar com você um texto autoral. Nesta edição da news, o texto é sobre raízes e asas:
Rubem Alves já dizia que só aprendemos o que desejamos. Nem sempre. Às vezes precisamos ser empurrados do precipício para aprendermos a voar. Para descobrirmos que nossas asas existem, e que elas dão conta do vôo. Em 2020 aprendi que tenho asas. Na verdade, eu já sabia que as tinha. Elas já haviam ensaiado o vôo algumas vezes. O que eu não sabia era que eu podia voar na gaiola, e que ficar na gaiola não é o mesmo que ficar em casa. A gaiola mora em outros lugares…
Em 2020 eu também aprendi que só podemos voar se tivermos raízes. Se as raízes existirem sem as asas, há o aprisionamento. Estarei fora do tempo, sem poder olhar o céu e vislumbrar horizontes. Se as asas existirem sem as raízes, não há nutrientes para sustentar o vôo. Estarei me perdendo e não terei lugar para pausar. E quantas coisas foram raízes e asas para mim no ano que acabou de acabar…
Então, se tu perderes o chão, saibas que podes voar. Ao mesmo tempo, cuida das tuas raízes, elas vão sustentar teu vôo e te dar um chão quando tu precisares retornar. A cada dia, encontra poesia na vida, para voar além das gaiolas. E saibas onde moram as gaiolas em ti. Te garanto que todas elas têm uma chave. Voa para encontrá-las. O medo vai junto, mas a coragem vai também. E voltas, sempre que precisares.
escrever é o meu caminho para a imperfeição
encontrar beleza no erro
fazer dos atos falhos
certeiros
as palavras
reviram o real
desmentem o real
sustentam o real
escrever é apenas
imaginar o real possível
que é defeituoso
torto
e belo
não vivemos em linha reta
a poesia também não
poesia é abrigo pras incoerências
poesia não é pra se encontrar
é pra se perder
é iluminar o que não se ilumina
é a chave pra prisão de nossos corpos
é aceitar a prisão
desenhar ela com palavras
moldar ela com versos
e se libertar
deixar cair as máscaras
assumir a imperfeição
do destino estranho de ser humano
tudo ao contrário
respirar para sufocar
enxergar para cegar
amar para não sofrer
e por isso sofrer
a vida se encorpa nos desencontros
e nossa saída é inventar
1. Caderno Selvagem do Ailton Krenak e outros cadernos 2. O instagram do Quintal de Cores para ver imagens lindas da natureza 3. Meus livros lidos em 2020 4. Instagram dois pontos: uma palavra-abraço por mês
Estou recebendo de braços abertos sugestões de afetos! É só me mandar.
O podcast Literapia foi criado para compartilhar trechos de livros que eu amo. Lá tem algumas meditações, poesias, palavras-abraço para todos os gostos. Você também pode me seguir no @literapia.podcast
O último episódio foi um poema de Drummond: Receita de ano novo e segunda-feira tem episódio novo: Uma esperança, de Clarice Lispector.
Que bom te ter por aqui!
O que você achou dessa primeira news? Sugestões, palavras de amor, críticas e tudo o mais, é só me falar. Vou adorar te escutar.
No mais, até a próxima, e um feliz ano novo, com recomeços diários
Um abraço carinhoso,
Bruna Berger Roisenberg