Newsletter Instante Perecível #20
Newsletter Instante Perecível
Olá pessoa querida, espero que essa news te encontre bem, dentro do possível.
"Escrevo, não por que compreendo, mas exatamente por que não compreendo. No dia em que compreendesse, pararia."
Clarice Lispector
Hoje a news é sobre a escrita. E eu queria te contar que eu tenho uma amiga escritora (a Renata Facco de Bortoli) que tem o dom de me enviar as palavras que eu mais preciso ler. Há alguns dias ela me mandou uma frase que ouviu do marido dela: "Não é o que você escreve, mas é como você sente." Quando eu escrevo, eu sinto.
...
Estou te escrevendo no domingo. Agora são 22 horas, e eu sinto um aperto no peito. Hoje o país presenciou mais um show de horrores. Então eu queria compartilhar contigo algumas palavras que peguei emprestadas com a Débora Gomes e o Luiz Antônio Simas:
No twitter do Luiz Antônio Simas
Trecho da news 'As cores dela' da Débora Gomes
Sessão com título Clariceano para compartilhar com você um texto autoral.
Escrever é pular sem paraquedas. Não saber o que vai acontecer durante a queda, mas mesmo assim, pular. Sentir o vento no rosto, o coração batendo mais forte. Escrever é querer abrir os olhos durante o salto. Apesar do medo, olhar tudo que os olhos podem ver. Todas as cores e paisagens. Observar tudo de um ângulo diferente. Admirar, amar. Escrever é sentir tudo com intensidade. Durante o salto, viver é urgente, e o tempo se torna relativo. Se passaram 3 horas ou 3 minutos? Não sei. Acho que 3 segundos. Escrever é pular. Não sei onde vou parar, mas confio que vou cair aonde eu tiver que cair. Cair nas nuvens, visitar meus sonhos. Cair sobre as águas quentes do mar do nordeste, e aproveitar para dar um mergulho. Vou encontrar tubarões? Talvez. Cair no deserto do Saara, perambular com o sol na cara, os pés cheios de areia, na esperança de encontrar um oásis. Cair no chão de concreto duro. Às vezes escrever dói. A realidade ganha contornos, e já é difícil ignorar o que está gravado no papel, com as minhas palavras. Escrever é viver. Escrever é cair em mim mesma, e fazer da queda um passo de dança.
Tantas vezes
É só escrevendo
Que eu descubro poesia em mim
...
a palavra andava tão ausente
nos dias tristes
mas a tristeza também é corpo
de poesia
a tristeza se confundia
com a desesperança
e é ela que suga todas as energias
como um buraco negro
engole tudo
até as palavras
e é através delas que eu re-existo
resisto
eu me sento diante da tela em branco
e espero que a minha voz encontre forças
para existir em palavras
sinto um calor no peito
um caldeirão mexido pela escrita
das palavras que nascem
como estrelas cadentes cruzando o céu
ainda há esperança
ainda restam forças
ainda há poesia
...
Por Bruna Berger Roisenberg
Que nos devolvam o mundo - Conversa de André Gravatá e Ailton Krenak pro podcast Conversas para abrir caminhos
The bold type - Série da Netflix que estou assistindo e amando.
Casa Brasileira - Programa da GNT que eu adoro assistir. Eu costumo colocar um episódio antes de dormir para que a beleza da arquitetura brasileira embale meus sonhos.
Coisa de menina - Maria Homem e Contardo Calligaris
Ao ler esse livro me senti como uma mosquinha ouvindo o Contardo e a Maria conversando. Eles falam sobre questões de gênero, o ódio à mulher, a repressão do corpo, maternidade e desejo.
Mamãe & Eu & Mamãe - Maya Angelou
"Escrevi este livro para examinar algumas das maneiras como o amor cura e ajuda a escalar alturas impossíveis e erguer-se de profundezas imensuráveis." Maya Angelou (Eu amo tudo que ela escreve!)
Novo Episódio:
Por isso escrevia... - Isabela Figueiredo
O podcast Literapia foi criado para compartilhar trechos de escritos que eu amo. Lá tem algumas meditações, poesias, palavras-abraço para todos os gostos. Você também pode me seguir no @literapia.podcast
Que bom te ter aqui comigo!
Sugestões, palavras de amor, críticas e tudo o mais, é só me falar. Vou adorar te escutar.
Se você perdeu as últimas news, pode ler elas aqui!
Te cuida e cuida dos teus amores!
Com amor,
Bruna Berger Roisenberg