Newsletter Instante Perecível #24
Newsletter Instante Perecível
Olá pessoa querida, espero que essa news te encontre bem, dentro do possível.
Eu não consigo começar esta news de outra forma. Deixo aqui as minhas palavras de luto e de indignação. 500.000 vidas perdidas para o Covid e para um governo genocida. Meus mais profundos sentimentos para quem perdeu alguém amado neste tempo. Meu coração anda triste e sedento por notícias melhores. Até quando vamos morrer? Fora Bozo!
Lily Allen - Fuck You dedicada a Naro (que saudades de uma aglomeração, né minha filha?)
Sessão com título Clariceano para compartilhar com você um texto autoral.
"Caminhar em si é o ato intencional mais próximo dos ritmos involuntários do corpo, da respiração e das batidas do coração. Ele atinge um equilíbrio delicado entre trabalho e ócio, ser e fazer. É um trabalho corporal que não produz nada além de pensamentos, experiências, chegadas."
Wanderlust, Rebecca Solnit.
Hoje eu te escrevo com as pernas cansadas. E não figurativamente. É bom estar cansada fisicamente. Um cansaço que não é o mesmo de sempre: isolamento, pandemia, Naro. Hoje eu saí para caminhar. A primeira vez depois de 1 ano e 4 meses. Foi tempo demais. Fui com a máscara pff2 e a tranquilidade de estar vacinada. Sinto que renasci para o mundo. Meus olhos não conseguiam captar tudo o que eu queria ver. Às vezes, eu diminuía a velocidade dos meus passos só para olhar. Olhar tudo com olhos de admirar. Eu queria ver todos os detalhes, e cada pequeneza era importante. As cores, os cheiros, as texturas. O olhar que queria saborear a distância do horizonte, até onde os olhos alcançassem. Eu fui com meu irmão, e ele me confessou que queria acelerar o passo. Ele queria ver o mais longe possível. Cada olhar pedindo o que mais desejava: um pedaço maior do mundo, que não a nossa casa. As pernas livres para caminhar. Cada passo conquistando um pouco da nossa liberdade de volta. Liberdade com segurança. Nós, que nos cuidamos muito. Muito mesmo. Para hoje poder respirar um pouco mais aliviados (bem pouco, afinal, ainda há riscos, e os números de contágio por Covid continuam crescendo por aqui). Sim, ainda cruzamos com pessoas sem máscara. Nenhuma novidade. Mas atravessamos a rua sempre que os desmascarados (descarados? desmiolados?) ameaçavam passar por nós. Que horror sentir medo, medo de gente. Que horror ainda ter que planejar o caminho e a hora para encontrar o menor número de pessoas pelo caminho. Quando o mundo ainda não parecia estar completamente caótico, desejávamos o contrário. Ver mais gente. Abraçar gente. A liberdade não é plena. Quando será? Ainda assim, meus passos libertos adoraram percorrer o bairro. Meus olhos sedentos amaram admirar um pouco mais do mundo. E eu amei a companhia do meu irmão. Ele, que sempre testemunhou meus passos, desde pequena. Hoje percorremos juntos quase 3 km de volta pra vida (uma outra vida, quem sabe?).
No caminho
Se anda
Corre, canta, dança
No caminho
Se abre o caminho
Inesperado, incerto, descontínuo
No caminho
Se perde
Tempo, palavras, expectativas
No caminho
Se encontra
Sonhos, memórias, pessoas
No caminho
Se sente
Vivo
No caminho
Se vive
E nunca chega
...
Por Bruna Berger Roisenberg
Série Lupin na Netflix (já saiu a parte 2 da primeira temporada, e está bom demais!)
Chimamanda no Roda Viva. Maravilhosa (como sempre) falando sobre literatura, feminismo, questões raciais e políticas.
Álbum Sour da Olivia Rodrigo - com músicas que grudam na cabeça. Segundo meu irmão, é a Avril Lavigne dos anos 20 (gente, vocês também acham estranho chamar o nosso tempo de anos 20, e ser 2021 e não 1921?)
Vai ter curso gratuíto de escrita de si em parceria com a UDESC.
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Pequenas epifanias - Caio Fernando Abreu
Um dos meus livros preferidos. Um dos meus escritores preferidos. Pequenas histórias, pequenas epifanias, que geram grandes emoções. Caio tira o de dentro para fora, ilumina a escuridão.
A origem do mundo - Liv Stromquist
Livro em quadrinhos sobre a história cultural da vagina e da vulva. A Liv escancara não-ditos e questiona muitos mitos e tabus da sociedade patriarcal que vivemos. Por que as sociedades alimentaram uma relação tão esquisita com a vagina ao longo dos séculos? Por que a menstruação é um tema apagado de nossa cultura quando costumava ser algo sagrado para os povos ancestrais? Essas e muitas outras perguntas são abordadas com humor e sensibilidade. Amei!
Novo Episódio:
Do amor contente - Hilda Hilst
O podcast Literapia foi criado para compartilhar trechos de escritos que eu amo. Lá tem algumas meditações, poesias, palavras-abraço para todos os gostos. Você também pode me seguir no @literapia.podcast
Que bom te ter aqui comigo!
Sugestões, palavras de amor, críticas e tudo o mais, é só me falar. Vou adorar te escutar.
Se você perdeu as últimas news, pode ler elas aqui!
Te cuida e cuida dos teus amores!
Com amor,
Bruna Berger Roisenberg