Newsletter Instante Perecível #42
Newsletter Instante Perecível
Olá pessoa querida, espero que essa news te encontre bem, dentro do possível (ou do impossível).
aqui reviro o meu baú de memórias
e crio outras
que escrevo para guardar
e para encontrar
para te encontrar
Vem comigo?
Sessão com título Clariceano para compartilhar com você um texto autoral.
Entre uma sessão e outra o que eu mais gosto de fazer é sentar no sofá e ler um pouco. A leitura da vez era o livro 'Minha mãe fazia' da Ana Holanda, que une receitas e histórias da vida da autora. Essa leitura me despertou muitas memórias de infância e de momentos em que a comida foi pretexto para formar laços de afeto. Como a vez em que uma colega de mestrado levou cará roxo para a turma experimentar. Ou quando eu era pequena e ia passar o Natal e o Ano Novo em Porto Alegre e o meu avô nos esperava com um bolo mármore delicioso. Tem abraços que só a comida pode dar. Agora mesmo eu sinto o gosto desse bolo na boca - e um tanto de saudades no peito.
Cará roxo no meio de uma sala de aula da UFSC em 19/06/2017
Esse livro fez com que eu prestasse mais atenção no que eu estava comendo e em cada sensação. A literatura tem mesmo uma mágica de me fazer prestar mais atenção na vida. Experimento sentir o gosto de cada garfada, os aromas que os alimentos exalam. Por falar nisso, você já cafungou um pão de trigo?
Pois, o que eu queria te contar é que era final de tarde, e eu estava lendo entre os atendimentos. A Ana falava no livro sobre um chá de maçã que foi como um abraço para ela. Lembrei de uma amiga que está na Holanda e dia desses tomou um chá de hortelã super comum por lá: o galho do hortelã é mergulhado inteiro na água fervente, direto na xícara. Comentei brevemente com meu irmão, lembrando que chá de hortelã é o favorito dele (e pra quem não sabe, eu sou mesmo bem faladeira, e eu adoro conversar sobre o que eu estou lendo com quem estiver na minha volta). Ele me falou: "ai, agora me deu vontade de tomar um chá, mas estou indo pra uma reunião." Larguei o livro e me levantei. É tão bom quando um livro me tira do livro e me leva de volta pra vida. Fui pro quintal colher o hortelã da horta para fazer o chá, como tinha visto na foto da minha amiga. Usei uma xícara transparente, que ressaltou o verde do hortelã, e o seu cheiro doce ficou nas minhas mãos por bastante tempo. Uma festa para os sentidos. Chá pronto, levei para o meu irmão, como um abraço.
O tal chá de hortelã (esse da foto foi feito em outro dia).
A literatura tem esse poder de criar histórias, abrir caminhos, gerar encantamentos, transformar o instante, o dia, me transformar. Essa conexão anônima e forte com quem escreveu o livro me fascina. Ana, se algum dia eu te encontrar, eu queria te dizer que as tuas palavras transformaram a minha semana e tocaram a minha vida. Mas ela já deve saber disso. Quem escreve sabe que as palavras podem gerar encontros, e encontrar quem mais precisa.
Querida semente
me ensina a espera?
Você já aprendeu
a impermanência?
Devoção - Patti Smith
"Por que escrevemos? Irrompe um coro. Porque não podemos somente viver."
Assim Patti Smith encerra este livro maravilhoso! Viajei junto com ela para Paris, senti o cheiro da baguete, sentei nos cafés de rua, e eu juro, se eu fechar os olhos, consigo ainda vê-la escrevendo este conto no trem em movimento.
Respire o instante de uma linha - Ana Paula Moreira
Terminei esse livro-poesia da @umrealejo com o coração acelerado. Coração que já vem ilustrado na capa. O livro inteiro é de uma sensibilidade que move os sentidos. Li num suspiro, tomada pelos cheiros, gostos e cores dessa história de amor. O livro começa com uma partida, e partir pode ser mesmo como respirar. Eu parti para a leitura, partida. Metade de mim era assombro, a outra era poesia. Dos instantes em que "o coração se ajoelhava na garganta", o livro gritava: respira. E assim pude fazer das tuas palavras, Ana, casa fora de mim. Palavra é a tua palavra favorita. A minha é voragem (hoje, pois estou sempre mudando de ideia). Voragem, me disse o teu livro. Sede de vida, fome de amor. A palavra me salva, concordo contigo. O amor desse livro não conhece o tempo, e guarda o mais importante no que o leitor sente. O que trazemos no peito é casa. Ana, eu escrevo agora para ti ainda sonhando com o teu livro. Escrevo "comendo a vida", e faço da linguagem a minha pele. "O que lhe emociona?" você pergunta a todos que te leem. Eu te respondo: me emociona poder entardecer lendo palavras-flecha que me convidam a abraçar a impermanência e me reconciliar com o presente. Tuas palavras. Sinto que cheguei onde sempre estive: admirando quem sabe escrever com o corpo todo, deixando transbordar a alma em cada palavra. Ana, seguro o teu livro, seguro a tua vida, e te agradeço: obrigada por escrever. "Para o amor, o infinito."
Meu coco - o novo álbum de Caetano Veloso
Eu quero andar distraída - por Gabi Dourado
Succession - série que estou maratonando no momento
+ Últimos dias para se inscrever no grupo de leitura terapêutica!
Vagas limitadas!
EM BREVE! E-book Instante Perecível
Novo Episódio:
Carlos Drummond de Andrade - Especial de aniversário
O podcast Literapia foi criado para compartilhar trechos de escritos que eu amo. Lá tem algumas meditações, poesias, palavras-abraço para todos os gostos. Você também pode me seguir no @literapia.podcast
Que bom te ter aqui comigo!
Sugestões, palavras de amor, críticas e tudo o mais, é só me falar. Vou adorar te escutar.
Se você perdeu as últimas news, pode ler elas aqui!
Te cuida e cuida dos teus amores!
Com amor,
Bruna Berger Roisenberg