“Te diverte” talvez tenha sido a coisa mais importante que eu já escutei do meu pai. Meu pai é a pessoa mais sensata que eu conheço. Sempre tem um olhar equilibrado sobre tudo nessa vida. E, quando ele viu minha balança pesando para o lado das cobranças e do desespero, me entregou essa pérola: te diverte. Desde então esse virou o meu lema. Descobri que mesmo diante das dificuldades e dos desafios, se eu puder me divertir, vai valer a pena. Bem no estilo Fernando Pessoa, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, a versão Mauro Roisenberg: tudo vale a pena se tu puder te divertir. Passei a espalhar post-its com meu novo mantra em todos os cantos. Toda vez que a minha impostora começa a falar mais alto: te diverte. Toda vez que começo a me levar a sério demais: te diverte. Toda vez que viajo por preocupações futuras que nunca vão acontecer: te diverte. Tem presentes que vem em forma de palavra e que mudam a vida. Por isso, te digo hoje e sempre: te diverte. Shit happens, a vida pode ser muito pesada, quase nada sai como planejamos, e algumas perdas doem demais. Mas, se em algum canto uma voz de vida te chamar: te diverte! O contrário da vida não é a morte. A morte faz parte da vida. O contrário da vida é parar de brincar. Por isso, já sabe, né? Te diverte!
Notícias do lado de cá:
Estou de volta! Depois de sobreviver a uma gripe do capeta, que veio com o combo todo: febre, sinusite, placa na garganta e tosse (que ainda me assombra nas manhãs e noites). Passei pela minha primeira consulta médica por aqui (que foi ótima e super rápida) e pela primeira compra de antibiótico. Passei por tudo isso pela primeira vez longe da minha família e do meu país (para quem chegou por aqui agora, me mudei esse ano para a Austrália para fazer o meu PhD na University of Sydney). Nesses dias eu senti medo, tristeza e solidão, mas também senti um orgulho louco de dar conta de cuidar de mim mesma. E, ainda por cima, poder realizar um sonho: assistir um ballet com orquestra na Sydney Opera House (os humilhados, finalmente, sendo exaltados):
Eu tenho escrito todos os dias para o desafio de escrita da Maíra Ferreira:
Vai lá no insta ver o que tenho criado:
This time tomorrow - Emma Straub
Eu sou feita de histórias, até os ossos. Quantas histórias já sustentaram meu corpo nessa vida? Inúmeras. As histórias salvam.
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Deixar meus livros em Floripa foi dificílimo. Deixei uma parte minha pra trás. Alguns livros eu digitalizei, de outros eu tenho saudade, como se fossem pessoas. Uma das melhores surpresas ao me mudar para Sydney - e para este apartamento, especificamente - foi descobrir que no fim da minha rua, há uns 30 passos, tem um Coles com uma biblioteca pública em cima. Eu já amava frequentar a biblioteca do bairro em que eu morei em Melbourne há 8 anos. Lembro como se fosse ontem de ir no parque, estender minha canga do Brasil, e ler a trilogia toda de Jogos Vorazes. Hoje, aqui e agora, em outra cidade, em outro parque, eu posso fazer a mesma coisa. O primeiro livro que eu tirei na biblioteca foi "This time tomorrow", da Emma Straub @emmastraub (dica da maravilhosa @literalmentesarah ). E, que livro minha gente!!!! Embarcar nessa história foi tudo o que eu precisava. Alice e Leonard me fizeram companhia durante dias bem ruins de doença, saudade de casa e solidão. Essa história foi o abraço que eu tanto desejava. Viajar pro passado com a Alice me fez lembrar que há beleza e sentido em estar aqui e agora, e não em qualquer outro lugar. Alguns amores não morrem nunca. Fazem parte de nós em tudo o que fazemos. Viver no passado pode nos matar, de pouquinho em pouquinho. É preciso escolher seguir em frente, aprender a perder e confiar no amor. Até o futuro, seja lá como ele for.
(Esse livro ainda não tem tradução pro português, infelizmente 😟).
Que alegria te ter por aqui!
„O contrário da vida é parar de brincar“ 🥹 é isso, é isso!
Fiquei morrendo de vontade de ler esse livro, vou ver se pesquiso numa biblioteca por aqui também :)