Quando eu for pro Brasil. Quando eu acabar o PhD. Quando eu voltar para Sydney. Quando eu te abraçar. Quando a Filó me ver. Quando essa série acabar. Quando eu tiver 3 artigos publicados. Quando o orientador voltar. Quando esfriar mais. Quando eu tiver que lavar roupa. Quando eu precisar levar o almoço. Quando eu pagar o aluguel. Quando o aluguel aumentar. Quando eu estiver longe no teu aniversário. Quando o fim de maio chegar. Nunca aqui. Nunca agora. E eu me pergunto: porque está tão difícil ficar aqui, viver aqui, sentir aqui? Faço previsões malucas que nunca vão acontecer. Faço afirmações de verdades absolutas sobre coisas que nunca vivi. Me angustio com as perguntas de sempre: vai ficar quanto tempo? Pretende ficar por aqui quando terminar o PhD? Vai fazer um postdoc? Eu não sei. Eu não quero saber. Eu não tenho como saber. Eu não sei nem o que eu vou jantar daqui há 2 horas. Eu não sei nem o que eu quero comer. Eu tenho fome de quê? Eu me lanço pro futuro, meu coração selvagem tem pressa de viver. Mas se esquece de viver o presente. E muitas vezes é um esquecimento da solidão, da saudade que toma meu corpo inteiro. E tudo bem. Já moro no nosso abraço no final de junho, no início de agosto, em dezembro (peloamordedeus tem que dar pra gente se ver em dezembro).
"o tempo que nos atravessa é cheio de miudezinhas que nos ajudam a viver. em alguns dias, é mais difícil percebê-las: são como estrelas disfarçadas em uma noite fria de céu nublado. noutros dias, são como o arco-íris da mesa da recepção do plano de saúde, brilhando em tantas cores pra nos lembrar que estamos vivos." Débora Gomes em As cores dela
Notícias do lado de cá:
Domingo passado eu fui passear na galeria de arte e almoçar por lá. É um dos meus lugares preferidos dessa cidade. Me faz sentir em casa, mesmo tão longe de casa, mesmo tão diferente de casa.
É a casa que construo para mim, a arte. Na segunda fui pegar outro livro na biblioteca do bairro, das coisas preferidas de morar aqui. Mais uma casa fora de casa.
Eu não pretendia escrever sobre isso, mas eu acho que essa semana foi sobre construir casa fora de casa. Formas de voltar para casa. Ler no parque. Voltar a fazer yoga. Caminhar, caminhar, caminhar.
Na terça eu descobri que eu sei cozinhar. Minha flatmate viajou e me deixou com a tarefa de usar os cogumelos que ela comprou antes que estragassem. Resolvi pegar uma receita na internet: massa ao funghi. Nunca tinha cozinhado cogumelos. Nunca tinha cozinhado nada parecido com isso. Bora tentar! E não é que saiu bom?? Bom é pouco… saiu maravilhoso! Coisa boa sair da caixinha, experimentar coisas novas. Volto pra casa.
Na quinta foi uma correria danada. Muito trabalho no PhD, e ainda resolvo ir até o campus pra almoçar o famoso (e decepcionante) barbecue australiano. Encontro minha amiga, conheço seu baby doguinho. Volto pra casa.
Depois do trabalho vou comprar aqueles carrinhos com 3 prateleiras com o dindin que eu ganhei do kmart. Voltei com uma caixa enorme no ônibus e depois ainda montei a coisa toda quando cheguei em casa. Quase surtei ao olhar o manual. Coragem, coração. Uma taça de vinho e um álbum da Taylor Swift depois eu já tinha meu carrinho organizado com os meus livros, caderninhos, canetas, carregadores… Volto para casa.
Rita Lee - uma autobiografia
Ler Rita Lee, ouvir Rita Lee, celebrar Rita Lee. Essa maravilhosa me inspira a ser eu mesma, mais forte, mais corajosa, mais autêntica. Eu amo a forma como ela conta a própria história, sem contar o senso de humor incrível. Esse livro foi uma companhia maravilhosa. Mais uma forma de voltar pra casa.
“O pior inimigo da criatividade é o bom-senso, mudar, mudar, mudar, nem que seja para pior. Dói mais sorrir na frente dos outros do que chorar sozinha, mas não devo levar a vida tão a sério porque ninguém sai dela vivo. Debochar de mim mesma é uma estratégia que sempre dá resultado positivo. Uma das coisas que mais me dão prazer é fazer o que não devo, tipo fumar na frente de quem faz campanha anticigarro. Não é tarde para ser o que eu deveria ter sido. Eis-me aqui, uma pós-famosa anônima observando os macro e micro-omniversos dentro e fora de mim. A coisa que eu mais quero é ter a certeza de que meu namorado Rob saiba que por mim foi o mais amado, meus filhos Beto, Juca e Tui os mais bem-vindos, minha neta Ziza a mais aguardada, meus bichos os mais adorados, meus amigos (que conto numa mão só) os mais reconhecidos, minhas gavetas as mais arrumadinhas. A sorte de ter sido quem sou, de estar onde estou, não é nada se comparada ao meu maior gol: sim, acho que fiz um monte de gente feliz.”
Greg News voltou!!!
Séries maravilhosas que eu estou acompanhando e não quero que acabem: Marvelous Mrs Maisel e Succession.
Os podcasts:
Esse episódio maravilhoso com a história dos cadernos do pai da Maria Clara Villas. Leia também a news dela!
Peixe voador (meu podcast preferido) está de volta:
Essa conversa deliciosa:
Pra quem quiser saber a parte chatinha de morar em Sydney e acompanhar a viagem da Leticia Mello pela Australia:
Que alegria te ter por aqui!
Estou adorando acompanhar seus caminhos! Aguardo de maneira animada as news toda semana! Muito obrigada!
eu amooo sua news! adoro o formato dela, adoro os inicios, adoro a parte das noticias!