- a minha biblioteca está cheia de mulheres vivas
que me pegam pela mão dizendo:
vem escrever
Demoro muito para sentar e escrever. Adio esse momento de escrita como quem sabe que mergulhar nas palavras é mergulhar em si. E o meu mar anda tempestuoso. Arrisco me afogar. Escrevo.
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Tenho lido pouco. Leio um livro ruim para pegar no sono, e isso soa mais triste do que realmente é. Os dias passam rápido e eu me perco nas horas incertas. Eu não tenho sonhado. Uma linha ocupada, eu chamo por mim, e ninguém atende. Meus olhos de poesia estão opacos. Tudo o que vejo é pedra mesmo. Até que algo me encanta, me arrebata.
Há um movimento lindo, potente, trovejante, intenso, cheio de vida das mulheres escritoras. Várias fotos foram feitas em diversas cidades do Brasil. Me empolgo, me emociono. Me decepciono com a convocação torta de alguns organizadores que colocam "pré-requisitos" para classificar as escritoras. Me entristeço com as mulheres pedindo permissão para participar da foto e ocupar um lugar que é delas por direito. Até quando faremos isso? Eu mesma reconheço essa voz em mim: "sou mesmo escritora?" "devo estar nessa foto?" Acordo do transe. Me revolto. Não me abandono. Eu vou! Eu sou escritora (e ainda me custa escrever isso). Me custaria mais não escrever. Me custaria a vida. Meu pacto de vida comigo mesma. Vejo mais mulheres escritoras (que eu admiro e que me inspiram) escreverem sobre isso. Me sinto abraçada.
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Eu não vou para a foto. Covid (ainda uma forte suspeita, espero o teste da prefeitura para confirmar o que já parece uma certeza). Não sou mais o alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado. Perdi a medalha da OMS. Sigo isolada até semana que vem. Estou bem! Por hora sinto apenas uma dor de garganta que piora um pouco todas as noites. Gosto do que a Noemi Jaffe escreveu: um alívio inexplicável desse esconde-esconde de dois anos e meio ter terminado. Não preciso mais me esconder. Seguirei me cuidando, como sempre faço. Máscara, álcool, vacinas e tudo o mais. Agora eu só sonho em ir ao cinema e comer no meu restaurante preferido (que não faz uma comida tão boa pelo tele-entrega).
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O lema dessa semana foi: não é bem o que eu queria, mas é o que eu tenho. E o que eu tenho é tudo. Aceitar isso foi um grande alívio. Finco meus pés onde tenho chão, só assim eu posso seguir. Ainda me agarro ao sonho. Eu não me abandono. Às vezes eu me abandono, e tudo bem. Essa não é toda a vida. A vida é agora e é tudo o que eu tenho, exatamente como ela é.
Cierzo - Nádia Camuça
a Nádia escreve poemas que evocam as sensações da pele
"o corpo não é resultado ele é sempre caminho"
e faz nascer as 4 estações
num olhar pro mundo
que é noite de verão
Na estrada com o ex - Beth O'leary
Eu adoro os romances da Beth, pois além de super gostosos de ler (bem água com açúcar mesmo), eles sempre trazem personagens com problemas bem reais. Os três livros que eu li dessa autora abordam temas como abuso físico e emocional, gaslighting, depressão e luto. Você já leu algo dela? Me conta!
Estou maratonando a quarta temporada de Stranger Things e não consigo parar de escutar essa música
"Em certos momentos, falar com uma pessoa com depressão pode ser como ir até o jardim de casa e tentar dar tchau pra um astronauta em Marte. A gente está falando o idioma dos buracos negros."
Você viu que a news mudou de casa? Seguimos agora por aqui!
Melhoras, Bruna querida! <3