enquanto escrevo encontro novas formas de fazer morada um olho do furacão o silêncio a pessoa que fui tudo é casa de poesia e as palavras abrigam mais do que eu quero dizer
fazer morada no olho do furacão e ver o mundo todo girar em caos eu não sinto nada já não sinto vertigem aqui, no meio tudo é silêncio mas eu vejo com o olho do estômago no olho do furacão o mundo rodar mais rápido tudo sendo arrancado do seu lugar e eu aqui sem lugar no olho no silêncio sem saber como sair
Dia 4/11 a Filó completou 1 ano aqui em casa. Adotar um doguinho é a melhor coisa do mundo!
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Outono - Karl Ove Knausgård
Um livro lindo, rico em descrição de detalhes e imagens. Um homem que mostra o mundo pra sua filha (que ainda não nasceu) através da escrita. Senti vontade de olhar pro mundo como ele. Tudo pode ser belo, tudo vira escrita pelo olhar atento e generoso do autor: o sol, os dentes, chiclete, olhos "(...) e olhar para os olhos da pessoa amada com um amor intenso é a maior felicidade que existe."
“Essa é a experiência que tenho com o trabalho no jardim: não há razão para ter cuidado nem sentir medo de nada, porque a vida é robusta e vem por assim dizer em cascata, cega e verdejante, e por vezes isso é assustador, por-que nós também vivemos, porém numa situação mais ou menos controlada, o que faz com que tenhamos medo de tudo o que é cego, tudo o que é indômito, tudo o que é caótico, tudo o que cresce em direção ao sol, e que no entanto com frequência é belo de uma forma que vai além do simples aspecto visual, pois a terra tem cheiro de podre e de escuro, fervilha com besouros ariscos e vermes rastejantes, os caules das flores são cheios de seiva, as copas das árvores transbordam fragrâncias [...].”
As despedidas - Carina Bacelar
Quantas despedidas vivemos todos os dias? Quantas despedidas vivemos sem saber que eram despedidas? Nos despedimos da infância em algum dia incerto, adentramos no inferno. Nos despedimos de amores não vividos (ou vividos somente por nós mesmas). Nos despedimos de cidades, de casas, de lugares ínfimos que nunca voltaremos a visitar. Nos despedimos do controle. Nos despedimos de ser quem somos, só para nos encontrarmos com versões estranhas e mais verdadeiras de nós. Nos despedimos de velhos costumes. Nos despedimos tirando fotos de um momento que nunca mais vai se repetir. Nos despedimos do nosso corpo a cada segundo, apesar de ser a única presença constante em nossa vida. Nos despedimos de sonhos não vividos, que não fazem mais sentido, eram sonhos de quem fomos, de quem já nos despedimos. Nos despedimos de lembranças que insistem em ignorar as despedidas. Nos despedimos de palavras, que escrevemos para não sufocar. Nos despedimos. Um movimento eterno de deixar algo nosso e levar algo do outro. Nós somos feitos de despedidas.
"(...) para toda despedida existe um caminho de volta, a leitura devolve o ar aos pulmões do que já foi escrito, e assim nem mesmo a morte consegue dar fim a uma vida. De forma que, no sexto dia, ao escrever a última linha da última página, abrirei um buraco no silêncio, nos lábios, no apartamento, na janela e no tempo, com um suspiro em volume de grito que vai voltar das paredes em eco: eu estou viva."
Que alegria te ter por aqui!