Trecho do livro “Um mundo em poucas linhas” da Tamara Klink.
2024 chegou como um atropelo. Covid, voo cancelado, mudança de casa, sem terapia. Estou em Sydney há pouco mais de uma semana, mas parece que faz um ano. E, entre engolir um montão de sapos, convocar a diplomata que mora em mim, rodar os pratinhos, e me imaginar pulando no pescoço de alguém, vivo o luto de me despedir de um mês no Brasil, da casa que construí aqui em Five Dock (um bairro que eu amo) e de uma amizade (que já nem sei se era, pela forma como acabou). Ainda bem que carrego a casa nas costas, como um dia a Dani me disse. Construo uma nova casa com a pessoa que é a minha casa, meu amor. Busco casa nos amigos queridos. Coloco o meu carrinho do lado da cama, com meus livros, minhas casas de palavras. Volto pra escrita. Casa. Faço da saudade do Brasil a minha morada, compro erva pro chimarrão e pão de queijo. Escrevo de pouquinho em pouquinho meus artigos pro doutorado, pois sonho também é casa. Caminho pela George Street, pego o trem em Newtown, e vou fazendo dessas ruas um cantinho para minha alma. Te escrevo do trem, enquanto penso que ninguém controla nada nessa vida, e os lutos chegam também de forma desavisada. Mas há males que vem pro bem, e o meu bem me espera na próxima estação. Seguimos, com amor, que ninguém deve morar onde não se pode amar. Na
Que texto bonito pra começar a semana! 🥰