Prefiro o ridículo de escrever cartas de amor
ao ridículo de não escrevê-las. "Porque amor pra mim é tudo" (como canta Liniker)
Ontem trabalhávamos de casa, juntos. No intervalo do almoço comemos o nosso misto quente tradicional e depois tomamos nosso chá com chocolate (um hábito antigo meu que tu também foi abraçando). Eu lia sobre a escrita que faz origamis com o tempo, e o processo de aceitar o que acontece de bom e de ruim, considerando que “o tempo é finito e que absolutamente tudo vai passar”. Estávamos escutando Joni Mitchell e eu olhei no fundo dos teus olhos, confirmando que tu és a minha pessoa nesse mundo, suplicando, que esse instante dure um pouco mais. Uma dobra no tempo. É o que eu quero ao escrever agora. O nosso infinito particular, teus olhares, o sussurro “eu te amo” ou “I love you”, na nossa língua própria, inventada. Eu quero guardar tudo. O frio na barriga, a delícia do amor tranquilo, a expansão do meu universo ao encontrar o teu, todas as vezes que dançamos na cozinha. Mas, sobretudo, quero guardar as horinhas de descuido em que te amo, despretensiosa, com cada célula do meu ser.
…
Yesterday we were working from home together. During our lunch break, we ate our traditional misto quente and then had our tea with chocolate (an old habit of mine that you have also adopted). I was reading about the writing that creates origami with time, about the process of accepting the good and the bad that happens, considering that “time is finite and that absolutely everything will pass”. We were listening to Joni Mitchell and I looked deep into your eyes, confirming that you are my person in this world, begging for this moment to last a little longer. A fold in time. That is what I want when I write now. Our private infinity, your eyes looking into mine, the whisper “eu te amo” or “I love you”, in our own invented language. I want to save everything. The butterflies in my stomach, the delight of peaceful love, the expansion of my universe when it finds yours, every time we dance in the kitchen. But, above all, I want to save the careless hours in which I love you, unpretentiously, with every cell of my being.
Pra quem chegou aqui agora, uma breve introdução. Meu nome é Bruna, sou psicóloga clínica e estou fazendo meu doutorado na Universidade de Sydney, na Austrália. Minha pesquisa ocupa grande parte dos meus dias e eu tenho aparecido por aqui um pouco menos do que eu gostaria. Sou uma leitora voraz e tenho uma paixão especial por Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu. Eu criei a news em janeiro de 2021 (o que me salvou, motivou e inspirou durante a pandemia) e o título, "Instante Perecível", vem do livro "Água Viva", de Clarice. Criei esse espaço para dar um lugar importante à escrita na minha vida, para encontrar pessoas amadas através das palavras e para guardar os instantes na memória escrita desse cantinho. Busco ver poesia por onde ando e estou sempre escrevendo por dentro. Que bom ter vocês por aqui! Sejam bem-vindes!
Adorei a vibe romântica. Conta mais. Beijos,
Ah, como é gostoso amar, não é Bru?
Na citação sobre o tempo ser finito e tudo vai passar, não pude deixar de pensar no meu maternar. É um mantra constante "tudo vai passar", tanto as fases mais desafiadoras quanto as mais belas...tudo passa. O segredo é aproveitar tudo, tudo mesmo ;) um beijo grande!